sábado, 24 de julho de 2010

a distância do meu relógio

a distância se fez.
me perdi de você, sem ao menos ter uma chance de me reencontrar em mim.
não tive escolhas. ninguém poderia viver - ou sentir -, por mim.
me refiz; me moldei.
passei a me moldar diante das noites solitárias; as estrelas lançaram sobre mim, a poeira - gélida - da solidão. agora estou mais fria que o necessário e muito mais distante para se alcançar; - nem as mãos que um dia tentaram alcançar o céu, puderam me agarrar no chão.
me desfiz. me perdi.
eu me perdi de você sem ao menos notar que - sinceramente - era necessário.
agora sinto a minha liberdade conquistada pelos meus pés; agora sinto a felicidade estampadas em meus olhos. de alguma forma, eu já não me encaixo nos seus desejos. não faço parte dos nossos planos.
eu já nem me importo.
o relógio não se faz. é estranho observar o tempo voltando sem ao menos pedir licença. é estranho sentir a brisa que antes eu daria tudo para sentir - mas, hoje - sinceramente - eu não sinto nada.
o mundo se desfaz. o relógio se desfaz.
não tenho medo.
me moldar passou ser viciante.
meu querer mudou. preciso me moldar naquele que não importou com o passar do relógio, e nem ao menos, com a leve brisa que há pouco tempo assanhava meus cabelos.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

deixe o vazio

por gentileza, me deixe.
hoje mais do que nunca, peço para que não me arranque de mim.
quero voltar a me sentir como antes. deixar meus pensamentos devorarem meus desejos; deixar minhas memórias frustarem suas sabotagens; saborear meu querer sem pressa; e cultivar minhas
verdades com vontade.
quero voltar a me perder em meio aos caminhos.
quero ser o copo com leite derramado; quero ser a rosa com o espinho estraçalhado; quero ser a estrela apagada; e quero ser a felicidade não alcançada.
quero o caminho perdido. a alma pesada. a tristeza chorada e a verdade contada.
quero me desprender de mim e de você. quero me encontrar no vazio.
quero ser o vazio.
me deixe.
deixe que o tempo faça seu dever em moldar as vontades, levar as bobagens e aguçar nossas malandragens.
eu preciso me perder do mundo, para poder me encontrar em você. sim, lance ao mundo.
me deixe. eu quero. eu preciso.
preciso do vazio da imensidão; para um dia ter a imensidão sem vazio.

terça-feira, 13 de julho de 2010

permanecer em meus desejos

é tão estranho me sentir amarrada em alguém que inicialmente não deveria. é um tanto quanto confuso tentar entender o que se passa; é quase torturante imaginar e supor que tudo no final daria certo.
é sincero. é verdadeiro. é insensato.
não vou negar que as diferenças são infinitas e imensas, mas de certa forma, em um lapso de momento, me propus a levantar barreiras invisivelmente colocadas, para me prostrar diante dos meu próprios caprichos.
sinto-me exausta com os milhares de pensamentos insanos. eu já quero voltar a me sentir como antes; ser minha fortaleza. acreditar nos meus princípios. e viver minha realidade.
é muito mais dócil desistir de um querer que demasiadamente se impunha sobre minhas realidades já desconfigurada; do que permanecer nos meus desejos mais estimados.
as distancias são maiores do que minhas mãos possam alcançar; já passa ser evidente meu anseio por uma tranquilidade.
passo por cima dos meus desejos e permaneço.
permaneço nas verdades ditas, nas palavras lançadas e nas propostas cruéis.
sento e permaneço.
talvez um dia, sua vontade possa se transformar em meus desejos.
sento, permaneço e desejo.
que você possa ser meu.
desejo e rogo; que eu ainda permaneca em mim.