quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

o espelho da mulher.

Já era inicio de noite e ela se sentou do lado de fora da casa. Arrastou delicadamente, a cadeira que estava encostada no canto direito da longa área, que levava ao um simples quintal.
As horas passaram lentamente - era como se os ponteiros não estivessem nenhuma pressa, de chegar ao destino já premeditado - sim, eles insistiam em não importar que estavam ali para marcar as horas.
Passou o tempo ali. Sem nada para dizer - e para quem dizer -, permaneceu sentada. Começou a fazer joguinho de 'cruza' e 'descruza' as longas pernas, sim - isso já era sinal que a ansiedade estava mais presente do que a doce paciência, que regava a doçura da pequena mulher.
Se deliciava em si mesma.
Não havia pensamentos, não havia palavras, não havia motivos. Queria estar lá, sentada. E assim permaneceu.
A moça exalava tanta formosidade, que até as poucas e discretas estrelas passaram a inveja-la momentaneamente.
A lua estava lá... no alto do céu, longe de tudo. nem ao menos as estrelas, a acompanhavam de perto.. Até parecia que a fria lua, invejava secretamente a solidão da pequena senhoria.
Era tanto desatento, que a pequena formosura enxergou seu autorretrato após horas, horas e horas... Avistou-a de longe, até a sua análise para com a grande lua era de forma singela - não queria assustar com seus olhares - mas o reconhecimento foi instantâneo. Era tão estranho, olhar para o céu e observar que a lua mais parecia como um grande espelho...
A serenidade da mulher, logo se foi.
Era intrigante permanecer sob os olhos de algo extretamente grande e extremamente igual.. as semelhanças com a lua, a deixaram perturbada. As expressões suaves que eram quase permanentes, deram lugar para um semblante arruinado pela descoberta das grandes verdades.
As forças foram se perdendo em meio da tribulação da pequena mulher, o que tudo era puro e leve, transforam-se em dúvidas e enigmas. Afinal, como alguém seguro de si - com a fortaleza toda que possuia - estava tão parecida, com a primeira dama das noites?
Era como se todas as suas verdades, fossem sendo desvendadas..
Era como se a escuridão fosse tomando conta da solitária mulher.
Era como se a noite invadisse sorrateiramente a alma daquela que observava - admirava - a lua e se enxergava - de forma tão evidente - nela.
Com a mente há mil quilometros por hora, se levantou devadar - já não sentia mais as pernas - e se arrastou para dentro, se jogando na cama quente que ali a esperava pacientemente todos os dias.
As horas se passaram e a mulher cerrou os olhos depois de lutar contra si mesma.
A noite já estava quase indo embora, e a escuridão da estranha noite , penetrou-se sobre a mulher, que há algumas horas era muito mais forte que a força da escuridão e muito menos só que a solitária lua.
Já não era mais a mesma. Era tão estranho olhar para o céu, e ver a lua como se fosse seu grande espelho...

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá, antes de mais nada, parabéns pelo blog!
E por acha-lo de muito bom gosto é que o/a convido a vir conhecer a proposta do meu Blog para você.

Aguado sua visita!
Forte abraço!

Karina